Alertas do Observatório Astronómico de Santana Açores

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Manchas solares gigantes provocam explosão

 

Acompanhe aqui a evolução deste acontecimento pouco frequente no Sol

Última actualização em 30 de Outubro 2003

 

  

 

   Dia 1: 21 de Outubro de 2003

 

     

 

      A mancha solar classificada como 10484, visível a olho nu (desde que devidamente protegido com filtros especiais), está a rodar no disco solar apresentando uma complexidade característica de manchas da classe Fkc, geradoras de fulgurações e ejecções de massa coronal. Assim, no dia 19 de Outubro, ainda antes de ser completamente visível no limbo leste do Sol, lançou para o espaço, com uma tremenda explosão, biliões de toneladas de matéria coronal. Pelo facto de estar junto ao limbo, esta fulguração não foi direccionada para o nosso planeta. Contudo, devido à rápida rotação do Sol em torno do seu eixo, é muito provável que a partir de hoje (21 de Outubro de 2003), se façam sentir alguns efeitos na Terra. Estes efeitos traduzem-se em Auroras Boreais e flutuações nas comunicações face ao impacto da ejecção de material coronal na magnetoesfera terrestre.

 

      Também é muito provável que este grupo gigantesco de manchas solares, presentemente com 8x o tamanho do nosso planeta, progrida de forma rápida e mais complexa gerando outros fenómenos. Vista na banda do H-alfa mostrava indícios evidentes de grande perturbação magnética com zonas de filamentos muito activos e uma superfície muito agitada.

 

 

 

Pormenor da RA 10484

 

 

 

 

       A imagem aqui reproduzida refere-se à Região Activa 10484 e mostra claramente a sua complexidade. Foi obtida no dia 21 de Outubro de 2003 pelas 13:30 UT com um ETX 90/EC dotado de um filtro solar 1000 Oaks plus e com uma ccd adaptada de uma webcam. A imagem é o resultado do somatório de outras 20 que foram posteriormente tratadas em termos de contraste e luminosidade depois de aplicados alguns filtros digitais (unsharp mask).

 

 

 

 

 

 

      Dia 2: 22 de Outubro de 2003

 

Regiões activas 486 e 484 respectivamente. Repare na rápida evolução desta última.

 

 
 

 


 

 

    COMENTÁRIOS

 

      Como ontem dávamos notícia, hoje dia 22, verificou-se mais uma grande explosão junto à região 484. Esta ejecção de massa coronal vem desta vez dirigida ao nosso planeta e deverá chegar no dia 24 com efeitos perturbadores nas comunicações e no geomagnetismo terrestre.

     

      As imagens que se seguem, referem-se a esta região activa, bem como a uma outra que neste momento está a rodar junto ao limbo SE do disco solar e designada por 486. Mostra ser mais uma área de grande complexidade magnética com configuração delta..

 

      Todas as imagens foram obtidas em Ponta Delgada, hoje dia 22.10.2003, pelo processo já referido.

 

 

 



 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

      Dia 4: 24 de Outubro de 2003

 

 

     

      No dia 24 de Outubro a Região Activa 10484 passava a ter uma dimensão equivalente a 16x o tamanho do nosso planeta. A 10486 apresentava-se igualmente com um porte gigantesco. Pelas 15:00 horas locais chegavam os primeiros impactos da ejecção de matéria coronal provocando os primeiros distúrbios electromagnéticos. Os astrónomos não tinham memória de terem visto anteriormente duas manchas solares tão grandes rodando ao mesmo tempo no disco solar. A última vez foi em Junho de 2001 quando a Região Activa 9393 despoletou colossais fulgurações e era apenas um grupo.

      As manchas solares são zonas da superfície do Sol onde o campo magnético gerado no interior da estrela aparece sob a forma de manchas escuras e onde a probabilidade de surgirem fenómenos violentos, tais como explosões (as chamadas fulgurações), emissão de partículas e radiação, que expulsas para o espaço, formam o Vento Solar que envolve todo o nosso Sistema Solar como se fosse uma concha.

      Este “cluster” de manchas é perfeitamente visível a olho nu, desde que a visão seja devidamente protegida com filtros apropriados. Um vidro de soldador nº14, correntemente vendido no comércio, é suficiente para o efeito. Se as fulgurações forem bastante grandes poderemos vir a ter problemas com os telemóveis e com o sinal de recepção via satélite.

 

 

 

 

Imagens das regiões activas 486 e 484 obtidas no dia 24 de Outubro em Ponta Delgada pelas 14:00 UT

Apesar das más condições atmosféricas, expressas em muita turbulência, ainda foi possível realizar alguns filmes AVI

 

 

Estas imagens resultaram da selecção dos 50 e 60 melhores frames de dois filmes AVI com 300 frames. Foram tratadas com o software

Registax e posteriormente legendadas com o PSP v7. Foram obtidas com uma Toucam pró modificada para astronomia, aplicada a um

Maksutov-Cassegrain ETX 90/EC com um filtro solar thousands oaks plus.

 

 

 

      Dia 5: 25 de Outubro de 2003

 

 

     

      O grupo 486 continua a evoluir muito rapidamente ganhando dimensão e acentuando as suas características multipolares indiciadoras de mais fenómenos eruptivos violentos.

     Entretanto a NE junto ao limbo do disco solar está a rodar mais um grupo, de características menos complexas (Dao, de acordo com a classificação de Mackintosh). Este grupo mostra algum “cavamento”, - Efeito de Wilson, fenómeno característico das manchas do início de um novo ciclo, neste caso o 24º ciclo solar (cada ciclo tem a duração de 11 anos).

 

      As imagens do dia 25 foram feitas às 10:15 UT.

 

 

 

Região 484

 

      Durante a noite verificaram-se extensas auroras boreais não visíveis dos Açores (as condições climatéricas não estavam propicias a qualquer tipo de observação, excepto na banda rádio). Espera-se a continuação destes fenómenos durante a próxima noite no norte da Europa e da América.

 

 

 

Região 486 ganha pontes de luz e um rasto de pequenas manchas

 

 

Novo grupo a NE ainda não classificado pelo NOAA

 

 

 

O aparecimento do grupo 10486

entre os dias 22 e 25 de Outubro

 

 

      Dia 6 e 7: 26 e 27 de Outubro de 2003

 

 

 

SINOPSE

 

      As 3 Regiões Activas em presença no Disco Solar evoluíram entretanto.

 

      A última a ter aparecido, agora classificada como 10487, situa.se a N13E66 e mantém-se com alguma complexidade com uma bipolaridade simples evoluindo entre os tipos Dso/Dai e rodeando-se de Fáculas visíveis na imagem ao lado. Fáculas são extensas zonas na superfície da fotosfera (superfície visível do Sol) que aparecem muito luminosas sob a forma de veios e formando uma vasta rede. São prova evidente de grandes perturbações magnéticas provenientes do interior da estrela transportadas pelas céluas convectivas chamadas de granulação (que também é visível em todas as imagens).

 

      A Região 10484 aparentemente parecia regredir na sua complexidade apresentando-se agora como uma Ekc com multipolaridades associadas mas não tão complexas como as apresentadas pela região 10486 que se mantém como uma Fkc, tendo gerado a 26 uma potente fulguração.

 

      Esta classificação atribui à primeira letra a extensão e tamanho do grupo de manchas solares, a segunda letra remete para a forma mais ou menos simétrica das penumbras (zona cinzenta que envolve a umbra – zona muito escura central) e a última letra revela se entre a mancha líder e a última existem ou não grupos de outras manchas.

 

      Ao lado imagens das 3 regiões em 26 e 27 de Outubro de 2003., as últimas em H-alfa. Repare na configuração bipolar do magnetismo do grupo 10486 às 08:58:29 UT.

                                                                        

 

26 Outubro 2003

 

10 487

10484

10486

 

 

27 Outubro 2003

 

08:54:45 UT

08:56:02 UT

08:58:29 UT

 

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Poderá encontrar mais informação em www.spaceweather.com

 

 

 

      Dia 8: 28 de Outubro de 2003

 

 

 

Aspecto das regiões activas

 

488

 

486

 

484

 

 

Sequência de uma Fulguração

na Região 486

 

11:05:52 UT

 

11:16:30 UT

 

11:32:20 UT

 

11:54:55 UT

 

 

 

 

 

12:26:38 UT

 

 

      Pelas 11:00 horas UT a região 486 desenvolvia uma potente fulguração aqui registada em imagens.

De acordo com a Classificação destes “flares” este deverá ter sido da classe mais potente, com emissão de raios X e protões sincrotónicos (que andam perto da velocidade da luz).

  

      Iremos dando mais notícias sobre este acontecimento, dado que estamos a trabalhar em cima do acontecimento.

 

      19:15 hora local - Como havíamos suposto a explosão foi classificada como X17.2 (a escala vai até X20) e como sendo a maior dos últimos 14 anos. Estão previstas auroras boreais nas próximas noites e intensas perturbações no geomagnetismo terrestre.

 

 

 

Imagem mostrando o aspecto geral do disco solar no dia 28 com 6 grupos

de manchas solares entre as quais a 10486 que provocaria uma fulguração da classe X18.

 

 

 

 

      Dia 9: 30 de Outubro de 2003

Surgiam as primeiras notícias públicas acerca do impacto destas fulgurações solares. Um satélite artificial Japonês seriamente danificado, perturbações nas comunicações via satélite, nomeadamente nos telemóveis e Internet.

Nos Açores registava-se no dia 29 de Outubro pelas 20:04 horas locais um sismo de intensidade 4 da escala de Mercali. Coincidência ?

 

Hoje era possível registar uma pluma eruptiva que se desenvolveu entre as 12:36 e as 12:48 UT. A Região 486 continua a apresentar potencialidade para novos “flares . A 492 surgia com uma polaridade muito acentuada.

Novos desenvolvimentos continuarão a ser aqui reportados.

 

 

 

      Dia 10: 4 de Novembro de 2003

 

Transcrevemos na íntegra a notícia dada pelo NOAA uma vez que devido às condições climatéricas adversas não nos foi possível obter imagens e assistir ao fenómeno grandioso.

 

SUPERFLARE: Giant sunspot 486 unleashed another powerful solar flare on Nov. 4th (1950 UT). Ionizing radiation hit Earth's atmosphere soon after the explosion and caused a severe radio blackout, noticed by radio listeners across North America.

This latest flare from sunspot 486 could be historic. The blast saturated X-ray detectors onboard GOES satellites for 11 minutes. The last time a flare did this, on April 2nd, 2001, it was classified as an X20--the biggest ever recorded at the time. The Nov. 4th, 2003, solar flare appears to have been even stronger. [more]


A SOHO movie of the Nov. 4th superflare.

Sunspot 486 is near the sun's western limb, which means the blast was not directed very much toward Earth. Even so, sky watchers should be alert for auroras on Nov. 5th or 6th when a coronal mass ejection (CME) is expected to deliver a glancing blow to our planet's magnetic field.